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Comer é cultura
Já parou para pensar qual é a sua relação com a comida? Ou, ainda, o que têm influenciado suas escolhas alimentares?

Num contexto turbulento, de incertezas econômicas e, sobretudo, de cuidado, prevenção e total atenção à saúde humana, preparamos para você, leitor (a), uma reflexão sobre Alimentação Saudável. Sim, é um tema super coerente e tão óbvio para a ocasião que, de tão crônico, perdemos a noção dos seus significados. Generalizar seus sentidos tornou-se fácil.

Antes de mergulharmos brevemente na história das ideias humanas sobre Alimentação Saudável, destaco que as noções alinhadas neste texto não se ocuparam, nem de longe, em operar uma espécie de balanço filosófico sobre a temática, que, aliás, é capaz de encher diversas bibliotecas. Apenas compartilho algumas “entrelinhas” para alimentar - saudavelmente ??“ o debate crítico e reflexivo sobre nossa relação com os alimentos.

O consumo de alimentos se constitui pela tripla qualidade de ser, ao mesmo tempo, uma necessidade vital, um direto de todos e um prazer. Mais além, é um ato político! Nossos hábitos alimentares fazem parte de um complexo sistema cultural encharcado de símbolos e significados e, portanto, o ato do consumo jamais é isento de valores.

Desde os tempos mais remotos, nós, representantes do Reino Animal cientificamente classificados como subespécie Sapiens Sapiens, criamos e/ou reproduzimos práticas e atribuímos significados as nossas escolhas alimentares. O que apreendemos com isso? Várias coisas e, uma delas, é que o comportamento humano em relação à comida revela a cultura em que cada um está inserido. Não me refiro aqui a estereótipos. Quando penso em alimentação, prontamente me deparo como o adjetivo saudável. O fato é que a forma como tem sido usado é desprovida de originalidade, de essência e, na maioria das vezes, baseada na ausência da racionalidade. Ou seja, não há alimentação sem contexto sociocultural.

Alimentar-se tem um sentido mais amplo do que ingerir nutrientes e calorias para manter o corpo em pleno funcionando. Envolve autodomínio e autoconhecimento, seleção, escolhas, ocasiões, rituais, oportunidade, oferta e demanda, subjetividade, histórias de vida, laços afetivos, relações familiares, cenário político e econômico, educação, entre tantos outros (novos) contornos do que se considera alimentação saudável.

Uma abordagem que pode ser útil ao desenvolvimento da consciência crítica sobre alimentação saudável é levar em consideração o Sistema Agroalimentar e suas complexidades. Entre a padronização e massificação dos hábitos alimentares e o desenho de uma contracultura alimentar, há muito a ser explorado.

Bem dizia Eleanor Roosevelt que as escolhas que fazemos são nossa própria responsabilidade. Mas então, por que fazemos escolhas (alimentares) tão ruins? Por falta de alternativa, por não saber escolher, porque sentimos prazer, porque é mais barato ou mais caro, ou por uma tendência de inércia mental, que a meu ver tem lá sua dose de egoísmo.?

Se quisermos de fato ter uma relação saudável com o que comemos é preciso quebrar paradigmas. O alimento orgânico ou agroecológico, por exemplo, pode ser acessível, barato e bonito, sem falar da superior qualidade nutricional. Os orgânicos funcionam como um combustível natural para nosso organismo. O sabor inigualável não é o único fator importante para nossa segurança, mas, sobretudo, o fato dele passar por um rigoroso processo de avaliação da conformidade, por órgão competentes e regulados pelo Ministério da Agricultura, seguindo instruções universais quanto ao processo produtivo. Sabe porque: para garantir que chegue na nossa mesa um alimento seguro e saudável.

Aliás, você sabe o que são Alimentos Orgânicos? Alimentos Orgânicos são aqueles oriundos da agricultura orgânica. A agricultura orgânica, por sua vez, é a expressão usada para designar sistema agrícolas sustentáveis, os quais têm como base princípios agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais.

Contudo, geralmente, definimos os “orgânicos” por suas qualidades. Ou seja, são alimentos produzidos sem agrotóxicos, sementes transgênicas, radiação ionizante, adubos e aditivos químicos sintéticos (hormônios, antibióticos, aromatizantes corantes e emulsificantes etc.). Num contexto de insegurança alimentar e nutricional, ou de risco à saúde humana decorrente de doenças (como a Covid-19), os atributos genuínos de destes alimentos representam um convite ao pensar sobre nossas escolhas alimentares.

Aquele ditado antigo de que “você é o que você come” nunca fez tanto sentido igual faz agora, afinal, boas e sábias escolhas alimentares são vitais para se bem viver.
Uma “vida de pensamento”, como escreveu o italiano Gramsci, requerer mudanças. Seja durante o almoço de domingo em família, na hora de preparar o lanche escolar das crianças ou antes de ir à feira, refletir nossas escolhas ajuda na mudança de valores dentro do Sistema Agroalimentar. E, esse exercício de reflexão e crítica, nos leva a práxis. Obviamente que este processo não vem descolado de ações do Estado no âmbito socioeconômico e político.

Quando comemos, nos construímos socialmente. Nos moldamos como indivíduo e como ser coletivo. Portanto, valorize os produtos e as agriculturas locais, compre mais alimentos frescos nas feiras, aprecie alimentos que têm memória sensorial ou afetiva. Apoie iniciativas de produção e consumo regionalizadas, que respeitem os tempos e os limites do planeta; dê preferência aos alimentos orgânicos/agroecológicos.

Comer tem uma linguagem. Aliás, não tem uma só, tem várias. Permita-se degustar todas elas. É saudável e faz bem ao corpo e a alma!

Susi Freddi
Engenheira Agrônoma, Msc. Agroecossistemas
Sócia proprietária da Terrarium Arte e Orgânicos e
Integrante do Coletivo Sou Orgânico Marau